Kuphahla é um evento ritualístico e tradicionalmente moçambicano que é a ligação de indivíduos ou grupos com os espíritos dos seus antepassados. O kuphahla é uma forma permante de apresentar o respeito aos espíritos, realiza-se em múltiplas ocasiões tais como o nascimento de uma críança, antes da colheita, durante uma refeição e antes de uma viagem longa ou de qualquer outro acontecimento significativo. A realização do khuphahla dá a indivíduos e grupos associados o sentido de segurança e estabilidade que lhes permite levarem por diante as suas vidas. O kuphahla permite uma relação entre vivos e mortos que dá sentido à existência, tanto dos espíritos como da comunidade.
Neste ritual, existem os compiladores (os tinyanga), que
são os intermédiarios entre o mundo dos vivos e dos mortos. Os tinyangas são
porta-vozes dos espíritos, traduzindo e descodificando o discurso espiritual
para os vivos. As pessoas recorrem aos espíritos, através dos tinyangas, por
razões diversas, quer seja para curar doenças, para procurar protecção contra
perigos da vida ou descobrir as causas de morte na família, quer seja para
conhecer os motivos pelos quais os animais domésticos estão a morrer e a
produção agrícola não vai bem, ou para desvendar as causas de uma guerra. As
pessoas buscam os poderes dos espíritos sobretudo para entenderem as
verdadeiras razões por detrás de acontecimentos que, segundo se crê,
transcendem a percepção e comprensão humanas.
No conttexto religioso e tradicional crê-se que, quando
um indivíduo morre e é sepultado, o seu espírito permanece, sendo a morte
apenas uma transição para uma nova dimensão existencial. Desse modo, estes
eventos ritualísticos abre espaço para considerar os espíritos não só como
agentes externos que controlam e alteram a identidade das pessoas, mas támbem
como a própria essência da identidade humana.
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