Parte I

Era uma vez no período antes da independência nacional, em uma cidade de Pemba, uma senhora de nome Nyetsai deu a luz uma linda menina e a chamou de Chúkura. A mais nova menina trouxe alegria a família, além de linda, era a primogénita da senhora Nyetsai e seu esposo Zefaneu, primeira sorte do casal. Mas reza a lenda que o nome Chúkura foi escolhido depois que a mãe teve um breve encontro com um vulto das trevas.

Sombra humana

A história conta que durante a gestação da Nyetsai, Zefaneu adoeceu e ficou gravemente doente. Sem solução e bastante debilitada, a Nyetsai recorreu como última instância, tratamentos espirituais com os Nyangas da região, opção sugerida pelo seu cunhado Npafani, irmão de Zefaneu. E conforme decidido, foram até os Nyangas, perguntando sobre o que será exigido como pagamento, e o Nyanga respondeu: "conceda-me a liberdade de abençoar teu bebé que carregas no ventre!". Apavorada com o que lhe foi exigido e temendo prejudicar seu bebé, a Nyetsai recusou, mas o Npafani insistiu que aceitasse pois a vida de Zefaneu está em risco, sem o tratamento morreria. Depois de muito pensar e com medo, embora indecisa, a Nyetsai aceitou.

Zefaneu foi curado e em troca foi dada a benção a bebé no ventre da Nyetsai, feito isso, a vida do casal normalizou-se. E já no nono mês de gestação, sete dias antes do parto, no sábado de lua cheia, eis que uma sombra humana surgiu do nada para a Nyetsai no momento que ela se fazia à casa de banho. Conta a história que que uma enorme sombra de uma figura humana estava parada em sua frente ao longo do trajecto da casa de banho e pronunciou o nome da Nyetsai dizendo: "Nyetsai, eis que atribuirá o nome Chúkura ao bebé que carregas, este é a benção do acordo pela cura do teu Marido". Findo as pronúncias, o vulto sumiu misturando-se com a escuridão da noite, e então foi neste momento que a Nyetsai lembrou do acordo feito nos Nyangas, e este era o real objectivo da benção, ela sabia que este nome carrega consigo os nguluve (espírito obsessor).

A Nyetsai não comentou a respeito da mensagem do vulto com ninguém, mas sabia ela que fazer o que lhe foi dito implica condenar seu bebé a perdição e também ela sabia que não fazendo o que lhe foi dito implicará a perdição de toda sua família.

Dia do parto chega, um momento de muita euforia para o casal de primeira viagem. Nyetsai estava muito feliz, mas também bastante preocupada, caiam lágrimas de alegria, medo e culpa.

Chegado a hora de escolher um nomd para a bebé, Nyetsai sugeriu o nome Chúkura e o seu esposo pergunta-lhe sobre o porquê desse nome e de onde surgiu, Nyetsai simplesmente disse que gostou do nome e que acabara de inventar. Zefaneu não questionou sobre a escolha do nome e concordou. E Começara naquele dia para Chúkura uma jornada enigmática e de incertezas sobre o seu destino, não sabendo ela que foi usada como moeda de troca pela saúde do seu pai.