O que custa a massaroca dar uns grãos a perdiz?
Até o galo esta com fome, tem razão quando exige
Azagaia

Dono de Hits como Cães de Raça, Ano da Fome, Povo no Poder, Sétimo dia, ABC do Preconceito, Edson da Luz, mas conhecido como Azagaia nasceu a 6 de maio de 1984 na província de Maputo, distrito de Namaacha em Moçambique e falecido aos 38 anos, a 9 de fevereiro de 2023. Azagaia era conhecido pelas suas músicas de intervenção social.

Azagaia, e carinhosamente chamado por Mano Azagaia, filho de um pai cabo-verdiano e uma mãe moçambicana, foi um rapper, poeta e activista social. Através da música, fazia abordagem política e social, denunciando a corrupção, a injustiça social e a pobreza em Moçambique e em Africa. Azagaia sonhava em um dia ver um Moçambique melhor e para todos. Quando lhe era perguntado sobre o que faria se fosse presidente, ele respondia dizendo que se focaria na produção de alimentos, para que nenhuma criança moçambicana passasse fome.

Sua paixão pela música começou em 1996, ainda frequentando a 8ª classe interessava se pelo Hip Hop e poesia, juntamente com colegas da escola, formava grupos de música e poesia. A sua carreira na música começou na Dinastia Bantu, um grupo de Hip Hop integrado por ele e o rapper MC Escudo. No ano 2005, Dinastia Bantu gravou o álbum Siavuma. E mais tarde, juntou se a Cotonete Records e lançou seu primeiro álbum solo intitulado Babalaze em 2007, composta por música conhecida como As mentiras da Verdade, para rir ou para chorar, que recebeu elogios da critica e do público, colocando Azagaia no topo das atenções e tornando o Álbum Babalaze um recorde de vendas no dia de estreia.

Em 2009, surgiram afirmações indicando que Azagaia seria candidato a assembleia da República pelo círculo eleitoral da Província de Maputo, concorrendo pelo partido MDM, liderado por Daviz Simango. Contudo, o MDM não chegou a concorrer por esse círculo.

A frase “o motor deste pais funciona à cocaína” ficou conhecida em 2010 com o lançamento da música “Arri”, a frase faz parte da letra da música. A letra retrata um escândalo de trafico de drogas em Moçambique, bem como outros casos de fuga ao fisco e assassinatos.

Em 2013 Azagaia lançou o segundo álbum, intitulado Cubaliwa ("nascimento", em língua sena). O Álbum é composto por músicas famosas como calaste, começa em ti.

Apesar de letras fortes e poéticas, que fogem do comum das letras de outros artistas, Azagaia criou parcerias musicais com vários artistas moçambicanos, como o Duas Cara, Dama do Bling, Gina Pepa, Julia Duarte, Banda Likuti, Ras Haitrm e Stewart Sukuma.

Azagaia e a Diáspora

Através da música, Azagaia ficou conhecido pelo mundo afora, principalmente em países falantes de língua portuguesa, como Angola, Cabo Verde, Angola, Brasil e Portugal. Tendo passado e participado em programas de TV, concertos e festivais de músicas nesses países. As passagens e participações mais conhecidas são: Festival Mestiço em Portugal, na cidade do Porto, ao lado de Marcelo D2, rapper brasileiro, e Sam The Kid, rapper português; show do rapper angolano Kid MC e ao lado de Sam The Kid. E ainda com a diáspora, criou parcerias musicais com vários artistas, e a mais conhecida foram com o artista português Valete com quem gravou seis canções e MCK. Fora da música, Azagaia recebeu várias críticas positivas como a do sociólogo português Boaventura de Sousa, pela mestria com qual escrevia letras das suas músicas.

Epilepsia e Tumor no cérebro

Azagaia sofria de epilepsia. Em 2014 foi diagnosticado que tinha um tumor no cérebro, ainda na fase inicial e que precisaria de uma cirurgia para removê-lo, a ser realizada na Índia.  Para a cirurgia eram necessários cerca de 800 mil meticais, e o músico não dispunha do valor. Para arrecadação do valor, a sua equipe criou uma campanha Help Azagaia, e conseguiu arrecadar o valor necessário. Após a cirurgia, Azagaia ficou afastado dos palcos para recuperação e voltou a actuar em 2016.

Polêmicas

As abordagens políticas e sociais eram cada vez mais evidentes nas músicas do Azagaia, o que fazia com que suas músicas não passassem nas televisões nacionais por medo de represálias, contudo eram muito bem recebidas nas televisões da diáspora como RTP.  

Em 2008 lançou a música Povo no Poder, que fala da greve, que aconteceu a 5 de fevereiro do mesmo ano, que fez com que recebesse uma intimação e teve que se apresentar à procuradoria da república, mas o rapper não foi acusado.

Em 2011, Azagaia e seu produtor, Miguel Sherba, foram presos após a polícia encontrar um cigarro contendo soruma.

Em 2014, no programa Atracções, apresentado na época pelo Fred Jossias, Azagaia admitiu que foi preso novamente por posse de drogas, afirmando que usava cannabis para tratar sua epilepsia, recomendada por um médico. E durante o programa, a pedido do apresentador, Azagaia preparou e fumou soruma, uma cena que foi interrompida pela televisão e ocasionando a demissão do Fred Jossias daquela emissora de TV.

Morte

Edson da Luz, mais conhecido por Azagaia, faleceu no dia 9 de fevereiro de 2023, em Maputo. A morte foi causada por um acidente doméstico, durante um ataque epilético.