Há um punhado de homens que conseguem enriquecer simplesmente porque prestam atenção aos pormenores que a maioria despreza.Henry Ford
Nascimento
Cujo seu nome de nascimento é Mudungazi,
Ngungunhane nasceu por volta de 1850 no sudeste do território do Imperio da
Faixa de Gaza. Neto do rei Manukuse, que liderava um reino que no seu auge
ocupava um vasto território, que se estendia do rio Incomati, no sul, e do
Oceano Índico, no leste, até aos rios Zambeze e Save, no norte, ocupando grande
parte do que é hoje o território moçambicano e parte dos países vizinhos.
Reinado
Com a morte do rei Manukuse, avô de
Ngungunhane em 1985, surgiu uma guerra entre seus dois herdeiros Muzila e
Mudungazi pelo reinado do império. Com o apoio das autoridades portuguesas,
Muzila conquistou o poder. Porém, também a sua sucessão foi problemática. O seu
filho Mudungazi, com o apoio da sua esposa favorita, Yosio, ordenou a morte de
um dos seus irmãos e tornou-se imperador de Gaza em 1884. Mudou o seu nome para
Ngungunhane, "o terrível" ou "o invencível". Durante 11
anos, governou com poder absoluto, fazendo uso excessivo de violência no
tratamento dos seus povos vassalos.
A derrota
Perdendo a lealdade de muitos dos seus
súbitos, por estes estarem insatisfeitos com a má governação, cheia de
violência. No início de 1895 O seu império foi invadido por uma ofensiva militar
em Coolela e Mandjacaze, desencadeando confrontos sangrentos, ordenada pelo António
Eanes, alto comissario para Moçambique. Depois da batalha, Ngungunhane fugiu
para Chaimite, província de Gaza, a aldeia sagrada do império onde o seu avô
estava enterrado. A 28 de dezembro de 1895, o "Leão de Gaza" foi
preso por Mouzinho de Albuquerque, o governador português do distrito militar
de Gaza. Deportado para a capital portuguesa, Ngungunhane e a sua comitiva
foram expostos à curiosidade popular. Cruzaram Lisboa numa jaula antes de serem
exibidos no Jardim Botânico de Belém.
Tendo permanecido pelo resto da sua vida no
exilio em Portugal, onde aprendeu a ler e escrever e ainda foi convertido à
forca ao cristianismo e batizado com o nome de Reinaldo Frederico Gungunhana.
Controversas e herói da luta anticolonial
Conhecido por muitos como um herói
moçambicano, no entanto, seu passado carrega marcas de violência e
Subjulgamento de oprimir um colonialismo interno africano. Um ponto citado por
Gerhard Liesgang, historiador alemão e professor em Moçambique, que, em
entrevista à DW África, lembra que o "nome Ngungunhane é também utilizado
como uma pessoa que não obedece às leis". De acordo com o docente, "a
fama de Ngungunhane não é a de um rei justo, mas de um rei que aterrorizava o
seu próprio país". De lembrar que quando da sua captura, Ngungunhane já
havia perdido a lealdade de muitos do seu próprio povo.
Para o movimento que lutou pela independia do
pais, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), o partido que se mantém
no poder desde a independência em 1975, Ngungunhane sempre foi visto como um
herói, uma fonte de inspiração durante a guerra de libertação e depois durante
a guerra civil.
Em 1985, à pedido de Samora Machel, por altura
do décimo aniversário da independência do país, foi enviada uma urna contendo
um punhado de terra no cemitério dos Açores, um gesto simbólico do governo
português, dada a impossibilidade de encontrar os restos mortais de Ngungunhane
Morte
Com sua detenção e permanecido o resto da sua
vida no exilio em Portugal. O "Leão de Gaza" morreu vítima de
hemorragia cerebral, a 23 de dezembro de 1906.
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