Há um punhado de homens que conseguem enriquecer simplesmente porque prestam atenção aos pormenores que a maioria despreza.
Henry Ford
Símbolo da resistência moçambicana contra o colonialismo português, Ngungunhane foi o último rei de Gaza, antes do império ser derrotado pelos portugueses. Morreu a 23 de dezembro de 1906, no exílio na ilha Terceira, nos Açores.

Nascimento

Cujo seu nome de nascimento é Mudungazi, Ngungunhane nasceu por volta de 1850 no sudeste do território do Imperio da Faixa de Gaza. Neto do rei Manukuse, que liderava um reino que no seu auge ocupava um vasto território, que se estendia do rio Incomati, no sul, e do Oceano Índico, no leste, até aos rios Zambeze e Save, no norte, ocupando grande parte do que é hoje o território moçambicano e parte dos países vizinhos.

Reinado

Com a morte do rei Manukuse, avô de Ngungunhane em 1985, surgiu uma guerra entre seus dois herdeiros Muzila e Mudungazi pelo reinado do império. Com o apoio das autoridades portuguesas, Muzila conquistou o poder. Porém, também a sua sucessão foi problemática. O seu filho Mudungazi, com o apoio da sua esposa favorita, Yosio, ordenou a morte de um dos seus irmãos e tornou-se imperador de Gaza em 1884. Mudou o seu nome para Ngungunhane, "o terrível" ou "o invencível". Durante 11 anos, governou com poder absoluto, fazendo uso excessivo de violência no tratamento dos seus povos vassalos.

A derrota

Perdendo a lealdade de muitos dos seus súbitos, por estes estarem insatisfeitos com a má governação, cheia de violência. No início de 1895 O seu império foi invadido por uma ofensiva militar em Coolela e Mandjacaze, desencadeando confrontos sangrentos, ordenada pelo António Eanes, alto comissario para Moçambique. Depois da batalha, Ngungunhane fugiu para Chaimite, província de Gaza, a aldeia sagrada do império onde o seu avô estava enterrado. A 28 de dezembro de 1895, o "Leão de Gaza" foi preso por Mouzinho de Albuquerque, o governador português do distrito militar de Gaza. Deportado para a capital portuguesa, Ngungunhane e a sua comitiva foram expostos à curiosidade popular. Cruzaram Lisboa numa jaula antes de serem exibidos no Jardim Botânico de Belém.

Tendo permanecido pelo resto da sua vida no exilio em Portugal, onde aprendeu a ler e escrever e ainda foi convertido à forca ao cristianismo e batizado com o nome de Reinaldo Frederico Gungunhana.

Controversas e herói da luta anticolonial

Conhecido por muitos como um herói moçambicano, no entanto, seu passado carrega marcas de violência e Subjulgamento de oprimir um colonialismo interno africano. Um ponto citado por Gerhard Liesgang, historiador alemão e professor em Moçambique, que, em entrevista à DW África, lembra que o "nome Ngungunhane é também utilizado como uma pessoa que não obedece às leis". De acordo com o docente, "a fama de Ngungunhane não é a de um rei justo, mas de um rei que aterrorizava o seu próprio país". De lembrar que quando da sua captura, Ngungunhane já havia perdido a lealdade de muitos do seu próprio povo.

Para o movimento que lutou pela independia do pais, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), o partido que se mantém no poder desde a independência em 1975, Ngungunhane sempre foi visto como um herói, uma fonte de inspiração durante a guerra de libertação e depois durante a guerra civil.

Em 1985, à pedido de Samora Machel, por altura do décimo aniversário da independência do país, foi enviada uma urna contendo um punhado de terra no cemitério dos Açores, um gesto simbólico do governo português, dada a impossibilidade de encontrar os restos mortais de Ngungunhane

Morte

Com sua detenção e permanecido o resto da sua vida no exilio em Portugal. O "Leão de Gaza" morreu vítima de hemorragia cerebral, a 23 de dezembro de 1906.