Samora Machel liderou a libertação de Moçambique que estava sob dominação colonial português depois da morte de Eduardo Mondlane, cofundador e primeiro presidente da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO). Proclamou a independência de Moçambique em 25 de junho de 1975, e foi o primeiro presidente da república de Moçambique. Morreu num acidente aéreo em M'buzini, em 16 de outubro de 1986.

Samora Machel

Infância

Samora Machel conhecido pela emblemática frase "crianças são flores que nunca murcham", nasceu em 29 de Setembro de 1933, na localidade tradicional de Xilambene, a que os portugueses deram o sugestivo nome de “aldeia da Madragoa”, no colonato do Limpopo, província de Gaza.

O seu avô, Maguivelani, era parente de Gungunhanha, o chefe tradicional que se opôs à colonização, no tempo de el-rei D. Carlos I, e que por isso foi preso em Chaimite por Mouzinho de Albuquerque e deportado para a Europa, vindo a morrer em Angra do Heroísmo, nos Açores.

Samora, cujo nome evocava as terras de Samora Correia, no vale do Tejo, passou a infância a ajudar os pais nos trabalhos agrícolas e na criação de gado.

Educação

Machel fez instrução primária com os missionários católicos que se tinham instalado na região.

Durante a adolescência, foi viver para a então Lourenço Marques, hoje Maputo, e completou o curso de enfermeiro, profissão que exercia no Hospital Central da cidade quando em 1962 se criou a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), sob comando de Eduardo Mondlane.

Estrategista para independência Nacional

Deixando de parte a enfermagem, Samora - que também era Moisés, como o velho condutor do povo judaico - fez-se então á estrada e foi até Tanganica, a actual Tanzania, alistar-se na guerrilha; e em 1963 já havia notícias dele a receber treino militar na Argélia.

De regresso à pátria de Julius Nyerere, estava então a fazer 31 anos, Samora Machel participou em 1964 nas primeiras colunas da Frelimo que cruzavam o rio Rovuma e se infiltraram na província moçambicana de Cabo Delgado, a fim de aí desencadearem a luta pela independência nacional.

Em 1967 ascendeu a secretário da Defesa no movimento que controlava o Norte do território e dois anos depois, com a morte de Mondlane, chegou a líder, depois de suplantar facções dirigidas por Lázaro Kavandame e por Uria Simango.

Presidência e reconstrução de Moçambique

Em Setembro de 1974 concluiu, com Portugal, em Lusaca, os acordos de transferencia de soberania, a concretizar em Junho de 1975, durante uma cerimónia no estádio da Machava, em Maputo. De praticante de enfermagem Machel passou para Chefe de Estado. Nacionalizou a terra, os imóveis urbanos e quase todo o comércio e indústria, levando a fuga da maioria dos portugueses que viviam em Moçambique e que ali mantinham a economia a funcionar.

Graça Machel, Nicolae Ceauşescu e Samora Machel, em Maputo, em 1979
Graça Machel, Nicolae Ceauşescu e Samora Machel, em Maputo, em 1979

Extrovertido, o presidente era uma figura extremamente popular, tanto no seu país como em parte do estrangeiro. Defendia grandes princípios e queria mudar por completo a sociedade, acabando com vícios como a corrupção e a prostituição, mas fê-lo por vezes de forma bastante dura, arrebatando todos os marginais que havia pelas ruas da capital e mandando-os para campos de trabalho no Norte, os chamados “campos de reeducação”.

Apoio e Conflitos

Generoso, Samora Machel ofereceu bases e auxílio aos guerrilheiros de Robert Mugabe, para que lutassem pela independência do Zimbabwe, acolheu militantes que combatiam o apartheid sul-africano e reservou na delegação moçambicana na ONU um lugar para José Ramos Horta defender os pontos de vista da Fretilin, favoráveis à autodeterminação de Timor Leste. A Rodésia/Zimbabwe e a África do Sul vingaram-se dele apoiando a Resistência Nacional de Moçambique (Renamo).

Morte

Em 1986, decorridos 12 anos de governação cheia de escolhos, o “Tupolev 134A” em que o Presidente regressava de uma reunião na Zâmbia caiu na região sul-africana de Mbuzini, junto à fronteira com a Suazilândia, tendo perecido Samora Machel, o ministro dos Transportes e Comunicações, Alcântara Santos, e mais três dezenas de ocupantes do aparelho. As causas da queda da aeronave são desconhecidas até os dias de hoje.